terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Troth

Troth (fé ou lealdade) faz referência a essência do paganismo nórdico, ou Asatru. A fundamentação para a ressurreição da fé nórdica são fontes como as Eddas, poemas e sagas anglo-saxãs, islandesas, norueguesas e teutônicas.
Este Troth se baseia nas chamadas " Nove Nobres Virtudes da Tradição Nórdica" que são:
Coragem: agir sempre de modo correto, segundo os preceitos nórdicos. Os antigos pagãos consideravam o ato de enfrentar um inimigo ou um desafio com coragem mais importante do que propriamente vencer, ou seja, não é a vitória que honrará o indivíduo, mas sim a coragem que este precisou para lutar. Nos dias atuais, as batalhas são enfrentadas de modo diferente, já que não são mais espadas e escudos que definem um vencedor, mas sim o modo como se enfrenta os problemas atuais; ter coragem de fazer o certo mesmo quando o errado for mais vantajoso. Honrar o que julga importante e ter coragem de lutar por isso.
Verdade: Ser honesto, agir e falar apenas o que se sabe. Segundo Paxson: "As vezes, temos de falar abertamente e, outras vezes, a verdade exige que nossa opinião até estarmos certos,  mas devemos sempre nos esforçar para sermos, com relação a nós mesmos, mais honestos possível." (PAXSON, 2009, p.161). Ser honesto consigo se baseia na virtude seguinte...
Honra: Conhecer o próprio valor e nobreza interiores e reconhecer essas qualidades, quando encontradas em outros. Diferentemente de regras morais e sociais, a honra é um sentimento padronizado internamente mais poderoso que qualquer padrão externo, ou seja, não é o ao de cumprir as regras sociais que torna alguém honrado, mas superá-las quando for preciso com base em seus próprios preceitos.
Lealdade: Ser leal com os Deuses, comunidade, família e si mesmo. Este é uma das virtudes que se utiliza para demonstrar a honra. Este é o termo sagrado para a aliança com as divindades e os próprios seres humanos.
Disciplina: Ser determinado, duro com seu próprio eu e se necessário com os outros, objetivando realizações posteriores. A disciplina é necessária para aprimorar todas as outras virtudes e aplicá-las, porém não limita-se a este campo, deve ser usado nos estudos sobre o paganismo e aplicada na vida, pois a disciplina é o tempero principal para alcançar qualquer objetivo.
Hospitalidade: Compartilhar o que é seu com os semelhantes, especialmente se for o anfitrião.  Esta virtude é auto-explicativa tomando por base que na época dos antigos pagãos, havia poucas comunidades, poucas estalagens e uma temperatura extremamente baixa. Através desta hospitalidade, o indivíduo, doando um pouco do que é seu, pode a vir precisar de  doação no futuro. A hospitalidade além de se fazer com princípios de reciprocidade, forma laços sociais.
Eficiência: Relacionando-se com a disciplina,  a eficiência se faz presente no trabalho duro para aprimorar o que se faz e o que se gosta de fazer. Uma interessante citação se faz presente no Havamál: "Raramente um lobo que está deitado consegue o cordeiro ou um homem que dorme a vitória." (HAVAMÁL,58-9)
Auto-suficiência: Fazer suas próprias escolhas com base no espírito de independência, para que a vitória seja conquistada pelo indivíduo, e que a derrota o faça entender com plenitude o que estava errado. Apenas com base neste princípio da valoração individual da auto-suficiência há a vida em comunidade, na qual se reconhece a importância e individualidade dos outros.
Perseverança: É a força que impulsiona o ser humano a persistir em seus objetivos, sem desistir pelos erros, mas avaliando estes erros e próprio objetivo. Se este objetivo for verdadeiro e benéfico, a perseverança será a força que o impulsionará a consegui-lo.
Além das nove virtudes, se encontram presentes no Troth, as "Metas Sêxtuplas" que são consideradas dons divinos cedidos à humanidade, que são: Justiça (Tyr), Sabedoria (Odin), Força (Thor), Colheita (Vanires), Paz (Nerthus) e Amor (Frey e Freya). Estas metas devem nortear o convívio humano para a formação de sociedades benéficas.
O Troth tem como propósito a ascensão de Hofs (templos), Kindreds (grupos) e reunir Elders (mestres) para remontar a antiga tradição nórdica e celebrar estes antigos Deuses.


Bibliografia auxiliar:
FAUR,Mirella.Mistérios Nórdicos: Deuses. Runas. Magias. Rituais.São Paulo:Pensamento,2007
PAXSON,Diana L.Asatrú-Um guia essencial para o Paganismo Nórdico.São Paulo:Pensamento,2009
DAVIDSON,H.R.Ellis.Deuses e Mitos do Norte da Europa.São Paulo:Madras,2004
THORSSON,Edred.The Truth About Teutonic Magick


A Roda do Ano


A roda do ano Nórdica representa a sequência anual de renovação, tanto física (corpórea) quanto espiritual.  Esta forma de comemoração consiste na celebração dos ciclos de vida e da Natureza que podem se sobrepor da seguinte maneira: nascimento/plantação - crescimento/amadurecimento - morte/colheita - renascimento/nova plantação. Este modo cíclico das celebrações se baseia na concepção de tempo cíclico (que lembra, de certo modo, Ouroboros) nos quais os povos nórdicos se apoiavam, diferente da concepção ocidental que percebe o tempo como uma linha reta.
O calendário Nórdico antigo continha apenas duas grandes comemorações solares (Ostara e Winternacht) e duas comemorações intermediárias (Midsommar e Yule). Porém com o passar do tempo este calendário se modificou e fixou-se com 8 datas, que são: Yule (20/12 à 31/12) - Disting (02/02) - Ostara (20/03) - Walpurgisnacht e Majfest (30/04 e 01/05 respectivamente) - Midsommar (21/07) - Freyfaxi (01/08) - Höstblot (21/09), Disablot (31/10).
Segundo a escritora Mirella Faur, estas 8 datas são sub-divididas em 4 festivais solares, que tinham por função marcar as mudanças de estação segundo o Sol, e 4 festivais do fogo, que são datas agrícolas que se interpunham entre solstícios e equinócios.
Dentre várias funções, o calendário Nórdico marca não apenas datas comemorativas, mas também tem por função opor datas nas quais energias opostas, como luz e escuridão, se tornam mais ou menos aparentes. Em cada uma destas celebrações, a Natureza, as energias e o estado de espírito individual se encontram de modo distinto, o que caracteriza as funções de cada data especificada.
Obs: Com o tempo, postarei informações à cada data do calendário

Bibliografia auxiliar: 
 FAUR,Mirella.Mistérios Nórdicos: Deuses. Runas. Magias. Rituais.São Paulo:Pensamento,2007

Mjöllnir


Mjöllnir, ou em português "Aquilo que esmaga", consiste no símbolo mágico conhecido na Mitologia Nórdica como "Martelo de Thor". Esta arma, na estrutura mitológica, consiste em um martelo de cabo curto confeccionado pelos Svartálfar (anões) Sindri e Brokk em uma aposta com o Deus Loki. O martelo é conhecido por ser a arma mais forte de Asgardr, pertencente ao Deus Thor. Sua principal função é proteger a terra dos Deuses de ataques dos habitantes de Jötunheimr. Nas histórias mitológicas, Thor e seu martelo Mjöllnir são responsáveis pela morte de vários Gigantes.
No contexto do Paganismo, Mjöllnir representa vontade, proteção, força e poder. É usado desde os tempos mais remotos como símbolo ritualístico para consagração de lugares, armas, talismãs, altares e etc. Há também menções em achados arqueológicos que afirmam seu uso em rituais matrimoniais como símbolo da benção.
Mjöllnir é hoje, talvez, o símbolo Nórdico mais conhecido no mundo, porém suas interpretações vinculam-se mais ao personagem "Thor" dos filmes e gibis da Marvel , ou apenas na mitologia, sendo sua interpretação pagã e religiosa pouco conhecida.


Bibliografia auxiliar:
FAUR,Mirella.Mistérios Nórdicos: Deuses. Runas. Magias. Rituais.São Paulo:Pensamento,2007
PAXSON,Diana L.Asatrú-Um guia essencial para o Paganismo Nórdico.São Paulo:Pensamento,2009
DAVIDSON,H.R.Ellis.Deuses e Mitos do Norte da Europa.São Paulo:Madras,2004
FRANCHINI,A.S.,SEGANFREDO,Carmen.As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica.Porto Alegre, RS:Artes e Ofícios,2008

Ægishjálmr

"Ægishjálmr" ou em português "Elmo do Terror", é um símbolo pagão nórdico usado principalmente na magia Seiðr (tradição mágica que tem como principais divindades Odin e Freya). Composto por 8 runas Algiz e 24 traços horizontais, este símbolo representa todo o Futhrak. Pintado entre as sobrancelhas, tinha a função de inspirar uma coragem inabalável nas batalhas, causar medo, confusão física e mental no inimigo e expandir a percepção mágica do utilizador. Esta arte está estreitamente relacionada com o uso da visão (tanto a física, como a terceira visão e o "chakra" frontal), e há teorias que afirmam que a prática utiliza conceitos de hipnose. O(a) Seiðkona ou Völva pintava o Ægishjálmr entre as sobrancelhas do guerreiro e entoava encantamentos, no fim destes encantamentos, a função do guerreiro era apenas dizer: "Ægishjálmr eg ber milli bruna mjer!" ou seja, "Eu porto o Ægishjálmr entre as minhas sobrancelhas!". Entre os sacerdotes/guerreiros "Berserkers", este símbolo era amplamente utilizado em guerras. Atualmente, o "elmo do terror' é usado como amuleto de proteção entre pagãos nórdicos.

Valknutr


Traduzido como "nó dos caídos ou escolhidos" (Valr-morte , knut-nó), este símbolo consiste em três triângulos entrelaçados que representam, segundo fontes históricas e arqueológicas, o poder do Deus Odin de "atar" e "desatar" (significado que lembra o uso do Ægishjálmr). Outro significado para este símbolo é, segundo a escritora Mirella Faur: " [...] os nove mundos manifestados nos três reinos da unidade eterna, expressa pela lei evolutiva do nascer/ser/desaparecer, rumo a um novo começo." (FAUR, 2007, p.410). Sendo assim, o Valknutr representaria os nove mundos dispostos na árvore sagrada; cada mundo representado por uma ponta.  Os três triângulos, representariam assim os domínios do "surgir", "viver" e "morrer", comuns a todos os seres vivos, culminando no quarto domínio, o "renascer", que na verdade seria uma volta ao primeiro domínio. Segundo a crença pagã, O Valknutr funcionaria também como uma "marca" que designava os fiéis seguidores do Deus Odin. De forma resumida, entre os vários aspectos que o Valknutr representa, a sabedoria e poder do Deus Odin são suas principais e simplificadas expressões.

Bibliografia auxiliar:
 FAUR,Mirella.Mistérios Nórdicos: Deuses. Runas. Magias. Rituais.São Paulo:Pensamento,2007
PAXSON,Diana L.Asatrú-Um guia essencial para o Paganismo Nórdico.São Paulo:Pensamento,2009
DAVIDSON,H.R.Ellis.Deuses e Mitos do Norte da Europa.São Paulo:Madras,2004
FRANCHINI,A.S.,SEGANFREDO,Carmen.As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica.Porto Alegre, RS:Artes e Ofícios,2008